O USO DOS QUADRINHOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE FÍSICA
APROVADOS PELO PNLD / 2015
Aqui, a proposta é apresentar o artigo publicado por Eduardo Oliveira Ribeiro de Souza & Deise Miranda Vianna na Revista Imagens da Educação intitulado O USO DOS QUADRINHOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE FÍSICA APROVADOS PELO PNLD / 2015.
Nesse texto, Eduardo Oliveira Ribeiro de Souza & Deise Miranda Vianna discutem que "Os quadrinhos e sua linguagem são utilizados como recurso de comunicação em vários contextos, inclusive no
Ensino e Educação, por sua forma rápida e eficaz de transmitir informação. Nos livros didáticos podemos
encontrar tais recursos no corpo do texto ou combinadas com exercícios. Este artigo tem como objetivo entender
como os quadrinhos são utilizados na sala de aula de Física através dos livros-textos, já que são a principal
ferramenta de uso dos professores em classe. Efetuou-se uma busca entre as obras de Física recomendadas pelo
Programa Nacional do Livro Didático de 2015. Foram analisadas 14 coleções de três volumes cada, totalizando
42 obras. A análise de conteúdo foi realizada através da categorização de quadrinhos que leva em consideração a
relação entre eles e o texto ou exercícios que os acompanham. Constatou-se que esses recursos são usados, na
maior parte das coleções, como ilustrações, o que significa que eles ainda são entendidos como figuras e não
como uma linguagem. Com isso, conclui-se que há necessidade de promover e divulgar o uso desse recurso
como atividade que leve os alunos a refletirem sobre o fenômeno físico e que promova a construção de
conhecimento, assim como outros recursos linguísticos (mapas, tabelas etc)".
Tiras compiladas pelo autor no âmbito do estudo
Conclusões dos autores:
"Nosso trabalho buscou entender como os quadrinhos são utilizados na sala de aula de
Física através dos livros didáticos, uma vez que é o principal material de uso dos professores
em classe. O presente artigo fornece contribuições sobre o estudo de imagens no sentido de
avaliar como alguns quadrinhos, bem como qualquer outra ilustração, estão sendo utilizados
nos livros didáticos e na sala de aula. Em muitos casos, o emprego dos quadrinhos é
justificado pelo seu caráter motivador, e não pelos benefícios que podem proporcionar no
processo de ensino-aprendizagem.
Com os dados apresentados neste artigo, observamos que as tirinhas são mais
utilizadas como ilustração e motivação. Agora que entendemos como elas são empregadas
nos livros didáticos, podemos propor uma nova forma de emprego dos quadrinhos.
As tirinhas, como já discutimos, são recomendadas pelos BNCC e PNBE por serem
uma ferramenta com muitos elementos linguísticos favoráveis à aprendizagem, à assimilação
do conteúdo e à construção de conhecimento. Mas não podemos esquecer que os livros
didáticos são produtos comerciais, e as editoras que os produzem estão buscando cada vez
mais atrair os consumidores: primeiramente, os professores que adotam os livros e, em
seguida, os alunos que estudam por eles. Por isso, cada vez mais vemos os livros mais
ilustrados e coloridos, e achamos legítimo este fato. Nossa crítica, com esse artigo, é que
esses elementos linguísticos, que vão impulsionar as vendas dos livros, também devem ser
capazes de promover a aprendizagem crítica e a construção do conhecimento por parte do
aluno, como evidenciamos os quadrinhos em Souza e Vianna (2014, 2015, 2016 e 2017).
Este artigo é parte de uma pesquisa materializada na tese (Souza, 2018), que buscou
promover e defender o uso dos quadrinhos instigadores e mais reflexivos. Após torná-las
públicas, um dos autores das coleções analisadas entrou em contato com os autores para
relatar as dificuldades e obstáculos de construir, publicar um livro didático e todo o processo
editorial envolvido. Seu relato expressa questões que são importantes para termos
conhecimento, e que pode explicar o porquê de algumas obras não usarem quadrinhos ou
aparecerem em pouca quantidade. Ele argumenta, por exemplo, que se pode reproduzir uma
questão de vestibular com a imagem sem pagar por ela, mas se usarmos a mesma imagem
num texto (sem a questão) devemos pagar pelos direitos autorais. Isso explica o fato de
quadrinhos aparecerem mais em exercícios do que em textos.
O autor dessa obra diz que o custo com direitos autorais é o que mais onera no custo
de produção do livro didático. Ele desabafa que isso acaba sendo um preço alto para os
autores que querem trabalhar com diferentes tipos de linguagens em suas obras e, por isso,
algo raro entre as diversas coleções.
Nesse mesmo contato, o autor demonstra que a tese o fez refletir sobre a produção de
sua coleção, o que nos mostra que a promoção de um uso mais reflexivo e instigador dos
quadrinhos está em curso. Destacamos que não só as atividades com tirinhas necessitam ser
desenvolvidas para levar os alunos a refletir sobre o fenômeno científico, e promover a
construção de conhecimento, mas todas as ferramentas linguísticas (mapas, tabelas entre
outros) sejam usadas dessas formas, para que enriqueçamos não apenas os livros didáticos ou nossas aulas teóricas ou práticas, mas também os nossos alunos. O como fazer isso, ficará
para um próximo artigo."
Artigo
Comentários
Postar um comentário