PRISCILA WOLF: HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE EVOLUÇÃO

 HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE EVOLUÇÃO

Aqui, a proposição é apresentar a monografia HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE EVOLUÇÃO elaborado por PRISCILA FURMANN WOLF como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em Ciências Biológicas, Setor de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Sob Orientação da  Prof.a Odisséa Boaventura de Oliveira e co-orientação da Mestranda Ingrid Rodriguez Tellez.

Segundo PRISCILA FURMANN WOLF, " Tendo em vista que o ensino de Biologia encontra-se fragmentado, defasado quanto a questões didáticas, descontextualizado e com posicionamento neutro em relação a fatores sócio-históricos, tornam-se cada vez mais importantes pesquisas acerca de fatores que possam trazer melhorias para o ensino desta disciplina. Pesquisas sobre o ensino de Evolução apontam problemas principalmente para o confronto entre crenças individuais e teorias evolutivas, sendo que isso somado à má formação docente pode culminar em erros conceituais por parte dos alunos e também dos professores. A escola não considera que o aluno convive com outros tipos de linguagens além da escrita realizada no âmbito escolar. Sabendo que a aproximação do aluno com o universo simbólico se dá através de outros meios além da linguagem verbal (ORLANDI, 2012), a presente pesquisa buscou trazer uma linguagem diferente para o ensino de Evolução: os quadrinhos, que surgem como um recurso didático capaz de tornar as aulas mais atrativas, estimular uma maior participação dos alunos, bem como possibilitar um melhor aprendizado. A utilização dos quadrinhos no ambiente escolar é reconhecida e recomendada por órgãos oficiais, como pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Desse modo esse trabalho de conclusão pretende contribuir para elucidar as implicações da utilização de tal material didático para o ensino de Biologia, além de apontar as faces da inter-relação evolução e leitura de quadrinhos. Como objetivo geral, essa pesquisa analisou as interpretações de alunos do ensino médio acerca de histórias em quadrinhos envolvendo o tema Evolução. Para isso foram aplicadas aulas sobre darwinismo em uma turma de terceiro ano do ensino médio, envolvendo os assuntos de seleção natural, ancestralidade comum, o tempo em que age a evolução e a não direcionalidade desta, além de comparações com a teoria lamarckista e criacionista. Os alunos fizeram a leitura e interpretação de dois quadrinhos, relacionando-os à teoria evolutiva, como também a elaboração de uma história em quadrinhos, de modo a verificar quais conteúdos foram escolhidos para esta produção, e a coerência destes, sendo utilizada a Análise de Conteúdo segundo Bardin para essas análises. Os resultados apontaram dificuldades dos alunos em relacionar os quadrinhos com os temas e conteúdos abordados em aula, sendo que algumas concepções errôneas relacionadas à evolução humana, como a de que o homem originou-se do macaco, permaneceram para alguns alunos mesmo após as aulas. Também foi observada a não familiaridade dos estudantes quanto a elementos de linguagem que compõe os quadrinhos, como balões de diálogo, título e requadro, que estavam ausentes em algumas histórias, embora os conceitos abordados nestas produções estivessem corretos. Apesar de terem sido detectadas dificuldades, a aplicação de atividades utilizando quadrinhos foi considerada como positiva, pois possibilita ao aluno demonstrar seu ponto de vista acerca do conteúdo, além de auxiliar o professor fazer uma reflexão sobre suas aulas."

Texto extraído de: educapes

Tirinhas selecionadas pela autora para desenvolvimento da pesquisa

Tira extraída de: educapes

Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes


Tira extraída de: educapes

Conclusões da autora

"A leitura e interpretação de quadrinhos não são tão simples quanto aparentam ser. Para a construção de um sentido, é necessário articular imagem e palavra e relacioná-las a informações inferenciais e de leitura (RAMOS, 2012). A nosso ver, esta afirmação também pode ser estendida à produção de quadrinhos. De acordo com os resultados obtidos, pode-se perceber que alguns alunos não conseguiram articular as histórias em quadrinhos ao conteúdo, outros demonstraram não ter compreendido o conteúdo trabalhado em aula, enquanto alguns aparentaram ter dificuldades em expressar-se. Pivovar (2007) defende que, ao perguntar o que o aluno entendeu a partir do quadrinho, corre-se o risco dele apenas transpor a história em quadrinhos para a escrita, o que ocorreu com frequência nas respostas obtidas a partir do quadrinho da FIGURA 9. Embora houvesse orientações para que aquela história fosse relacionada ao conteúdo trabalhado em aula, muitos estudantes não conseguiram fazer isso, não a reconhecendo como um exemplo de seleção natural. Contudo, alguns dos alunos que não fizeram esta transposição, demonstraram compreender a teoria da seleção natural ao produzir um quadrinho, indicando dificuldades na interpretação do quadrinho e não em relação ao conteúdo. Já no quadrinho da FIGURA 10, a dificuldade encontrada com maior frequência foi em relação ao conteúdo. Constatou-se que muitos alunos compreenderam de maneira errônea a relação de ancestralidade entre homem e macaco, o que pode ter sido causado pelo não entendimento do conteúdo abordado em aula ou por crenças individuais. Conforme pode ser observado no plano de aula, o assunto de evolução humana não era o tema central da aula, mas sim um exemplo para demonstrar a ancestralidade comum, exemplo este que foi escolhido devido à difusão do mito de que o homem vem do macaco. A maioria dos alunos compreendeu que há relações de parentesco entre estas duas espécies, mas alguns entenderam de maneira errada esta relação, de modo que admitiam que o macaco fosse o ancestral do homem. Esta concepção errônea permaneceu para muitos alunos mesmo após essa aula, mas foi esclarecida posteriormente, quando foi trabalhada em profundidade a evolução humana, conforme previsto no planejamento bimestral da professora regente da turma.
Em sua dissertação, Pizarro (2009) relata que também presenciou a dificuldade dos alunos em interpretar histórias em quadrinhos. A autora evidenciou que as HQ contribuíram para a leitura individual, para a escuta da leitura realizada pelo professor, para a identificação de elementos como personagens e locais e também para a organização sequencial da narrativa. Porém, os quadrinhos não falam por si só, não sendo suficientes para o ensino de certos conteúdos. Com isto, é indiscutível a importância do professor para realizar uma mediação pedagógica planejada e bem estruturada. Quanto à produção de quadrinhos, os resultados obtidos em relação ao conteúdo de evolução foram satisfatórios, pois, como os conceitos foram abordados de maneira contextualizada, considera-se que houve aprendizado por parte dos estudantes. Observou-se que a maioria dos alunos abordou o tema principal da aula, que era a seleção natural, enquanto a minoria abordou outros temas que não foram trabalhados tão profundamente, já que seriam, ou foram, trabalhados em outras aulas, como a evolução humana e a teoria lamarckista. Também foi constatado que a maioria dos alunos utilizou exemplos apresentados em aula para a elaboração dos quadrinhos, o que pode ser considerado bom, pois demonstra que aquilo foi incorporado ao repertório de conhecimentos do aluno (PIZARRO, 2009), mas que também tem um lado negativo, pois representa o reflexo de uma educação que valoriza a reprodução de mensagens e não a produção destas (PIVOVAR, 2007).
A partir dos resultados obtidos, pode-se dizer que o trabalho em sala de aula com os quadrinhos não é tão simples e nem sempre apresenta resultados excelentes como apontaram vários autores. Esta talvez tenha sido uma das primeiras vezes que os alunos daquela turma tiveram contato com os quadrinhos como recurso didático. Por mais que muitos daqueles estudantes já tivessem lido gibis ou charges de jornais e da internet, talvez nunca lhes tivesse sido mostrado o lado educacional que esses podem ter. Carvalho e Martins (2009) apontam que muitas vezes os jovens deixam de ler histórias em quadrinhos porque este tipo de leitura pode aparentar uma precariedade no amadurecimento, ignorando os benefícios que esta pode trazer, como o desenvolvimento de vários esquemas mentais, dentre eles a capacidade de síntese, análise e classificação. Pivovar (2007) comenta que quando este contato ocorre, os leitores não prestam atenção nas técnicas e conhecimentos envolvidos para a produção de quadrinhos. Estes dois motivos podem ser apontados como causadores da aparente falta de familiaridade dos alunos com a confecção de quadrinhos, mas, independente de qual visão seja a correta, este problema precisa ser sanado. A escola pode ter um papel fundamental para aproximar o jovem da leitura e produção de quadrinhos, de modo que o aluno consiga compreender a complexidade de uma produção e também que desenvolva uma relação mais crítica e dinâmica com este tipo de leitura.
A escola pode auxiliar o aluno a ver as histórias em quadrinhos não somente como um divertimento, mas, sim, como uma forma de expressão, onde os alunos possam manifestar suas opiniões e o conhecimento adquirido. Além disso, o professor também pode tirar proveito disso para fazer uma auto-avaliação de suas aulas, já que, ao interpretar ou produzir um quadrinho, o aluno expressa o que entendeu do conteúdo, ao contrário do que muitas vezes acontece em uma avaliação escrita, na qual o estudante decora frases para atingir a nota desejada, não sendo possível avaliar se ele realmente assimilou aquele conteúdo. As histórias em quadrinhos podem sim trazer contribuições para o ensino, porém, há alguns detalhes no uso deste recurso que não podem ser deixados de lado. Muitos alunos já foram, ou são leitores de histórias em quadrinhos, mas, ao produzirem histórias, colocam os elementos de linguagem que o compõe de maneira intuitiva. Portanto, isso implica em atentá-los para os elementos que compõem os quadrinhos, através de um trabalho planejado e bem estruturado. Sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos na confecção de quadrinhos é outro ponto importante a ser destacado, pois em uma primeira produção o resultado pode não sair tão bom, mas, à medida que o professor indica os erros e os alunos os corrigem, a história tende a ficar melhor estruturada. Por último, ressalta-se a importância de uma frequência maior de contato com os quadrinhos. É provável que um primeiro contato pedagógico com os quadrinhos não resulte em produções ou interpretações adequadas, contudo, acredita-se que um trabalho mais intenso, com maior quantidade e qualidade de atividades envolvendo este recurso, possam auxiliar o aluno a tornar-se um leitor crítico acerca dos quadrinhos."

Monografia

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