EDUARDO SOUZA: FÍSICA EM QUADRINHOS

FÍSICA EM QUADRINHOS

Esta publicação tem como objetivo divulgar o trabalho acadêmico do Prof. Dr. EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA, o qual foi desenvolvido entre 2012 e 2018. Nesta, serão apresentadas a Monografia de conclusão de curso publicada em 2012 nomeada FÍSICA EM QUADRINHOS: Uma Abordagem de Ensino, a dissertação de mestrado defendida em 2014 de mesmo nome e a tese de doutorado apresentada à banca em 2018 intitulada FÍSICA EM QUADRINHOS: UMA METODOLOGIA DE UTILIZAÇÃO DE QUADRINHOS PARA O ENSINO DE FÍSICA, assim como uma gama vasta de publicações decorrentes destes estudo sobre óptica geométrica produzidas por Souza ao longo de sua prática de pesquisa e socializadas em revistas e eventos voltados ao ensino de ciências e histórias em quadrinhos de física.

Em sua monografia, EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA nos "apresenta tirinhas produzidas sobre uma proposta de abordagem de ensino de ciências da natureza com enfoque em CTS. As tirinhas exploram o sub tema da Física: reflexão em espelhos planos. Esse material pretende levantar questões sobre os fenômenos em situações do cotidiano, e junto a elas são colocadas outras questões e/ou atividades, dentro da proposta de atividades investigativas e argumentação na sala de aula, que estão relacionadas com a situação dentro dos quadrinhos. O material é dividido em cinco unidades que contemplam os tópicos dentro do assunto Espelhos Planos: (i) reversão da imagem; (ii) posição da imagem; (iii) campo visual; (iv) associação de espelhos e (v) curiosidades sobre espelhos."
Texto extraído de: Repositório UFRJ

Em sua dissertação, EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA destaca que "Física em Quadrinhos se consolida como um projeto que visa promover discussões sobre temas da Física entre alunos e o professor através da utilização de histórias em quadrinhos ou tirinhas. Sabendo que elas já tiveram como objetivo instruir a sociedade, queremos usá-las no ensino de Física de forma reflexiva valorizando as competências ligadas ao raciocínio e à leitura. Dentre as características dos quadrinhos ou tirinhas pode-se afirmar que apresentam alto nível de informação e podem ser exploradas pelo professor e discutidas com os alunos e que demonstram estimular e desenvolver o hábito da leitura, enriquecendo o vocabulário do aluno. Seguindo referenciais teóricos tais como: Quadrinhos como recurso didático, Enfoque em CTS, Ensino por investigação, Argumentação na sala de aula e interação em múltiplas linguagens, este trabalho se desenvolveu da necessidade de avaliar as atividades com quadrinhos produzidos por Souza (2012) no seu trabalho de conclusão de curso de Licenciatura em Física da UFRJ. Acredita-se que essas tirinhas e quadrinhos e as atividades propostas em sala de aula ajudam a trabalhar a capacidade crítica dos alunos. Os diálogos, registrados em áudio e vídeo em sala de aula, foram transcritos e analisados. Além disso, os alunos responderam em forma de escrita suas respostas às perguntas levantadas pelas tirinhas. Esses dados foram analisados segundo Toulmin (2007), que desenvolveu um padrão de argumento usado para analisar a força e a qualidade das discussões e também acordo com Márquez, et al (2003), que apresentam a relação entre os diferentes tipos de linguagem (gestual, verbal, escrita, visual etc) entre outros autores. A análise dos dados mostra que as tirinhas aplicadas, em uma escola pública de rede federal de ensino, podem ser agente fomentador de discussão, facilitando a argumentação na sala de aula e a aprendizagem de Ciências. Além disso, este trabalho nos permite verificar que as perguntas somadas às tirinhas se revelaram importantes elementos no processo de construção de significado e conhecimento científico."
Texto extraído de: arca fiocruz

No que remete à sua tese, EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA discute que "as histórias em quadrinhos possuem potencialidade além de uma simples ilustração. O potencial pedagógico das histórias em quadrinhos tem sido muito estudado e explorado pelos professores e pesquisadores nas últimas décadas, pois apresentam alto nível de informação que o aluno discutir e interagir. Esta tese propõe-se a investigar como os quadrinhos podem ser usados numa perspectiva mais crítica que aproveite as potencialidades da linguagem dos quadrinhos na construção de conhecimento científico. Realizou-se uma busca sistemática dos quadrinhos presentes nos livros didáticos de Física recomendados pelo PNLDEM de 2017, para verificar a predominância de utilização das HQs no Ensino de Física. Buscamos, também, como os elementos dos quadrinhos podem auxiliar numa abordagem crítica de ensino, fazendo uma triangulação entre os referencias de Linguagem dos Quadrinhos e Ensino por Investigação. A partir disso, oficinas de quadrinhos instigadores foram ministradas com a meta de avaliar os possíveis obstáculos na proposição de quadrinhos críticos no Ensino de Ciências. Essas oficinas aconteceram em diferentes momentos e com público diversificado, permitindo observar o processo de elaboração de atividades investigativas com quadrinhos em muitos aspectos. Como instrumento de pesquisa, utilizamos a observação, produzindo como registros as gravações da interação entre os participantes da pesquisa, que foram alunos de licenciatura em Ciências Biológica e Física e professores de Física. Essas gravações foram transcritas e analisadas buscando os indicadores de Alfabetização Científica. Os resultados mostraram que os quadrinhos com ou sem endereçamento científico patente podem ser usados como uma atividade investigativa e a construção de conhecimento. Os elementos da linguagem dos quadrinhos foram muito bem aproveitados na dinâmica das oficinas e auxiliaram no processo de ensino-aprendizagem. Os resultados da análise podem ser utilizados em outros contextos, com impacto no estudo dos quadrinhos tanto no campo da linguagem como no Ensino de Ciências. Em paralelo, os resultados ampliam os estudos e as aplicações das tiras de Física em Quadrinhos, que é um projeto em que se tem trabalhado, procurando promover discussões sobre os fenômenos científicos através das situações retratadas nos quadros."
Texto extraído de: arca 2 fiocruz

Histórias em quadrinhos sobre óptica geométrica desenvolvida por EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA entre 2012 e 2018;

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de: Repositório UFRJ


Tirinha extraída de: Repositório UFRJ


Tirinha extraída de: Repositório UFRJ

Tirinha extraída de arca 2 fiocruz

Tirinha extraída de arca 2 fiocruz

Conclusões do autor:

Em sua monografia EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA conclui que "É importante lembrar que a forma de abordagem desenvolvida no presente projeto visa à formação cidadã dos alunos e que ela pode ser desenvolvida em qualquer disciplina, e em todos os níveis acadêmicos. A ênfase em CTS faz a discussão sobre os avanços tecnológicos ficarem mais comuns e próximos do aluno, de sua família e meio social. As atividades investigativas e a argumentação na sala de aula ajudam no desenvolvimento critico do aluno e a busca de soluções para os problemas do dia a dia. É importante salientar também que os quadrinhos já tiveram o objetivo de instruir a sociedade, e por isso, é muito relevante a busca da retomada desse objetivo. Hoje observamos que os quadrinhos estão na moda com o surgimento dos chamados “memes” retratando situações cômicas do nosso cotidiano, porém ainda sem cunho cientifico ou pedagógico.
As tirinhas podem ser usadas antes, durante ou depois da apresentação da teoria, porém, seria mais interessante para um melhor aproveitamento delas se elas fossem aplicadas antes da teoria. Devemos salientar que as tirinhas não foram avaliadas, e que elas poderiam ser avaliadas através da observação da discussão dos alunos em cima de cada tirinha. Isso pode ser feito gravando os diálogos para posterior análise.
A implementação desse material é o passo seguinte que motiva a continuação desse trabalho. Registrando os diálogos e as respostas dos alunos é possível melhorá-lo. Além disso, serão produzidas novas tirinhas que abordarão outras áreas da Física. Após isso, esse material poderá ser publicado e disponibilizado para uso dos outros professores, pela internet."
Texto extraído de: Repositório UFRJ

Já em sua dissertação EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA conclui que "Este trabalho é mais um passo para o progresso do projeto Física em Quadrinhos, que pretende contribuir na visão dos quadrinhos no ensino de Ciências, principalmente de Física. Acreditamos que as histórias em quadrinhos ou as tirinhas podem ser usadas de forma reflexiva, ou seja, como atividades que desenvolvem a capacidade de pensar e analisar os fatos. Por isso, algumas considerações importantes devem ser apontadas na conclusão desta dissertação. Os referenciais teóricos abordados durante o curso desta dissertação rementem à importância de formar alunos capazes de tomar decisões racionais e que possam beneficiar a sociedade.
A ênfase em CTS faz a discussão sobre os avanços tecnológicos ficarem mais comuns e próximos do aluno, de sua família e meio social, além de apresentar uma ciência mais próxima do seu cotidiano. As atividades investigativas e a argumentação na sala de aula ajudam no desenvolvimento do pensamento crítico do aluno e na busca de soluções para resolver problemas do dia a dia.
Acreditamos que qualquer atividade possa ser abordada e pensada para atingir o objetivo de formar um aluno-cidadão, desde que siga os referenciais de ensino por investigação com ênfase em CTS e argumentação na sala de aula. Os quadrinhos foram uma escolha pessoal, que acabou tomando maiores proporções às minhas expectativas. As tirinhas proporcionaram discussões mais profundas do que podia supor ou imaginar, por exemplo, não imaginava que a apareceria entre os dados desta pesquisa. Esse fato motivou ainda mais esta busca. É importante lembrar, que as tirinhas podem ser usadas antes, durante ou depois da apresentação da teoria, porém, achamos mais interessante para um melhor aproveitamento delas, que sejam aplicadas antes da teoria.
Avaliamos as tirinhas do projeto Física em Quadrinhos através da percepção das discussões dos alunos sobre as tirinhas e suas atividades, e verificamos a construção do conhecimento e se elas atingem os objetivos para o qual elas foram criadas de acordo com os princípios e os procedimentos da análise de discurso seguindo a estrutura do padrão de argumento de Toulmin (2006) para qualificar os argumentos dos estudantes.
Durante as análises percebemos vários momentos de levantamento e desenvolvimento de hipóteses, e alguns exemplos de processo de construção do conhecimento. Isto mostra que as tirinhas em conjunto com as questões são mais que ilustrativas e introdutórias, elas podem proporcionar discussões, que tem como premissa os alunos poderem aprender e ensinar num processo de interação social e discussão com seus pares. Além disso, um material que valoriza o aluno faz com que ele se interesse mais em participar das atividades, pois faz com que ele se sinta parte do grupo, o que em escala maior, pode resultar em maior comprometimento com a sociedade em que vive. Por isso, é muito importante que esse tipo de atividade seja trabalhado mais vezes.
As gravações em áudio e vídeo durante a aplicação das tirinhas nos permitiram conferir, com certa clareza, as discussões e os argumentos dos alunos em prática. Porém, teria sido mais proveitoso se todos os grupos fossem gravados em vídeo também, pois alguns momentos não puderam ser analisados de forma mais clara, por faltar a visão dos gestos relacionados a um termo ou palavra. Além disso, seria interessante fornecer aos alunos folhas de rascunhos, já que muitos desenhos foram apagados durante o desenvolvimento da resposta ou do próprio desenho. Outra consideração importante sobre as gravações é que apesar de os alunos brincarem e falarem coisas irrelevantes, é possível retirar diálogos ricos, que nos mostram os estudantes levantando e testando ideias, tirando conclusões e enfrentando desafios. Percebemos, também, a participação de todos os alunos dos grupos com o objetivo de resolver as questões propostas e interpretar as situações retratadas nos quadrinhos. Os estudantes ficaram à vontade para interpretar, discutir, resolver e concluir.
Sobre o conteúdo da discussão e dos conhecimentos físicos, percebemos os conhecimentos prévios nas afirmações, nas refutações ou até mesmo na correção de um aluno em relação a afirmação de outro aluno. Os desenhos foram fundamentais para a análise do argumento, pois eles são, geralmente, argumentos inteiros. Ademais, um conteúdo inicial como espelhos planos facilitou as discussões, pois são necessários menos informações sobre o fenômeno. Por isso, foi muito relevante a escolha do conteúdo na confecção das tirinhas (SOUZA, 2012a).
Uma das dificuldades acerca da avaliação do material foi que demanda muito trabalho e tempo para ser realizada. As escolas têm uma quantidade grande de alunos por turma, exigindo uma quantidade muito grande de grupos, o que faz as gravações ficarem mais difíceis de entender em virtude dos ruídos. Ou ainda, grupos muito grandes, o que pode tornar difícil a identificação dos alunos e pode dispersar com mais facilidade os alunos.
É importante salientar também que os quadrinhos já tiveram o objetivo de instruir a sociedade, e por isso, é muito relevante a busca da retomada desse objetivo. Para isso, é muito importante avaliarmos os quadrinhos como recursos didáticos; e essa avaliação deve ser feita a partir do objetivo que pretendemos para essa forma de arte. Hoje é muito fácil produzir quadrinhos. Existem muitos programas e aplicativos que são disponibilizados gratuitamente na internet. O próximo passo para a continuação desse trabalho é produzir novas tirinhas que abordarão outras áreas da Física. E divulgar, esse material para uso dos outros professores. De mais a mais, incentivar os professores a trabalhar e produzir suas próprias tirinhas ou histórias em quadrinhos.
Além disso, as artes sequenciais possuem um alto nível de informação. Elas oferecem um leque de informações passíveis a serem discutidas em sala de aula. Favorecendo uma argumentação na sala de aula, por isso, elas podem ser usadas para promover uma construção de conhecimento baseada nas discussões de temas de qualquer ciência. Esse motivo está em harmonia com os objetivos do enfoque em CTS e a proposta de atividades investigativas. Os quadrinhos, também, auxiliam no hábito de leitura e na concentração na leitura. Enriquecendo o vocabulário do aluno, e fazendo buscar outros tipos de mídias – revistas, jornais e livros.
O projeto vem sendo apresentado em congressos e eventos científicos com o objetivo de divulgar, receber sugestões e críticas de outros pesquisadores e professores. Futuramente, forneceremos oficinas de produção de tirinhas para avaliar o método de produção delas. E depois, buscaremos responder novas questões que foram despertadas durante a elaboração desta pesquisa.
Como isso, podemos supor que quanto mais perguntas ou questões mais rica e profunda é a discussão entre os alunos sobre os fenômenos científicos. Por isso, defendemos a utilização dos quadrinhos de maneira mais reflexiva."
Texto extraído de: arca fiocruz

Por fim, em sua tese, EDUARDO OLIVEIRA RIBEIRO DE SOUZA realiza uma reflexão sobre "o uso dos quadrinhos no Ensino de Física, pois desejamos explorar mais as potencialidades da forma de linguagem mencionada (McCLOUD; 2005; 2006; 2008; CAGNIN, 2014; EISNER, 2001). Por isso, a pergunta inicial foi “Como podemos promover a utilização de quadrinhos no ensino de Física de uma maneira mais crítica e conscientizadora?”.
Sendo assim, nosso primeiro passo foi identificar as formas como as artes sequenciais estão presentes nas classes de Física. Inicialmente, fizemos uma pesquisa sobre a história das HQs no ensino até chegar, especificamente, ao Ensino de Física, e por essa razão, consideramos o trabalho de Testoni (2010), que aponta uma categorização para o uso dos quadrinhos. Posteriormente, identificamos os quadrinhos presentes nos livros didáticos sugeridos pelo PNLDEM 2015 e os categorizamos segundo Testoni (2010). Essa identificação se deu, porque segundo Artuso (2013) os livros didáticos são, muitas vezes, os únicos materiais de auxílio para o professor na preparação das aulas. Logo olhar para os quadrinhos dos livros didáticos é, de certa maneira, olhar para eles na sala de aula.
Neste contexto, pudemos inferir o uso dos quadrinhos na sala de aula, relacionando à frequência de utilização com a quantidade de escolas que escolheram determinado livro. Com isso, observamos uma maior frequência da função ilustrativa, embora alguns livros com quadrinhos tenham apresentado a função instigadora. 
Finalizamos esse primeiro passo posicionando o projeto Física em Quadrinhos como um uso das artes sequenciais e, também, uma atividade investigativa do tipo problema aberto, e que foi aplicada encontrando evidências de Alfabetização Científica e da construção de conhecimento (SOUZA, 2014). Esse fato foi um norte para melhor investigarmos os elementos da linguagem dos quadrinhos e como eles podem auxiliar na abordagem de ensino crítico. O segundo passo foi apontar como os elementos dos quadrinhos podem ser usados visando a uma abordagem crítica, conscientizadora e investigativa de ensino. Para atingirmos esse objetivo, no capítulo 2, exibimos e discutimos cada um dos elementos das artes sequenciais para atingir esse objetivo no capítulo 2. Concordamos com Lemke (1998); Márquez et al. (2003); Piccinini; Martins (2004) e Sousanis (2017) sobre a Ciência ou qualquer campo de conhecimento ser construído pela interação entre múltiplas linguagens que se complementam e dialogam constantemente. O quadrinho é um recurso com capacidade de auxiliar a comunicação da sala de aula, pois se utiliza de dois signos – a imagem e o texto – para entendermos a mensagem. 
Conscientes de que assim como não precisamos ser profissionais em língua portuguesa ou em matemática para nos expressarmos através dessas linguagens, o que necessitamos, na verdade, é desenvolver dadas competências. Dessa forma, não temos a pretensão de tornar professores e alunos especialistas em arte sequenciais. Diante disso, apresentamos cada elemento e abordamos como ele pode auxiliar na comunicação da sala de aula e em uma proposta de ensino crítica, conscientizadora e investigativa. Para isso nos deparamos com a categorização da combinação imagem-texto formulada por McCloud (2005; 2008). 
As combinações imagem-texto ajudaram-nos a perceber como as perguntas investigativas ou instigadoras podem se harmonizar com as tirinhas. Esta discussão aconteceu no capítulo 3, no qual pudemos abordar o Ensino por Investigação e como seus elementos podem ser combinados com os dos quadrinhos. Destacamos assim, a importância da discussão sobre o modo como a conscientização e o humor podem trabalhar juntos em um ensino crítico, investigativo e conscientizador. Em paralelo, abordamos como uma arte sequencial pode propor uma problematização, e como isso pode ser desenvolvido na combinação pergunta-tirinha. O argumento do quadrinho é a mensagem que desejamos passar. Desta forma, a pergunta deve explorá-lo a fim de torná-lo mais patente ou mais passível a discussão entre os alunos.
O terceiro passo foi explorar quais as possíveis dificuldades e obstáculos encontrados pelos professores ao construírem uma atividade investigativa com quadrinhos. Por essa razão, elaboramos uma estrutura metodológica centrada em uma intervenção do tipo oficina como campo de observação, conforme discutido no capítulo 4. Nele, abordamos quais foram os procedimentos executados para compreender e explicar a prática da utilização das artes sequenciais – tiras de humor – no ensino de Física. Através disso, observamos os alunos e os professores na elaboração de perguntas abertas para acompanhar os quadrinhos.
Foram analisados os discursos dos participantes, e a partir deles, encontramos evidências de que os quadrinhos podem proporcionar, mesmo sem perguntas abertas, mas tendo uma proposta de atividade crítica, um argumento que promova a interação entre os leitores e a AS. Os indicadores de Alfabetização Científica apontados por Sasseron e Carvalho (2011) foram a forma como observamos essa interação.
Além disso, encontramos os indicadores de AC apontando uma estrutura de elaboração das perguntas abertas, com a identificação do problema, determinação das variáveis e estruturação dos questionamentos. As atividades aconteceram em consonância com o que dizem os autores Sasseron e Machado (2017), Sasseron e Duschl (2016), Ferraz e Sasseron, (2017), Sasseron (2015), Sasseron e Carvalho (2011), ao destacarem a identificação do problema como ponto inicial para uma proposta de Ensino por Investigação. O que pretendemos com a atividade foi obter um questionamento presente indiretamente no discurso dos participantes.
Em paralelo, as oficinas em diferentes contextos e ambientes nos permitiram ter um público diversificado, o que tornou a experiência mais proveitosa. A partir disso, pudemos observar como os alunos de Ciências Biológicas e alunos e professores de Física se deparam com o uso dos quadrinhos. Com base o estudo apresentado no capítulo 1 sobre os tipos de usos nos livros didáticos, podemos inferir que, em muitos casos, eles só se depararam com os quadrinhos de forma ilustrativa ou motivadora presentes nos livros e nos exames de vestibular. Sendo assim, as oficinas serviram para mostrar aos atuais e futuros professores uma forma diferente de empregar os quadrinhos na sala de aula.
As gravações em áudio durante a aplicação das tiras de humor nos proporcionaram examinar as discussões e os argumentos dos participantes das intervenções. Com as gravações, pudemos perceber ainda a participação de todos do grupo – eles ficaram à vontade para desenvolver a atividade proposta nas oficinas.
Nas falas dos participantes, a presença dos indicadores de Alfabetização (SASSERON; CARVALHO, 2011) nos mostrou também como os elementos dos quadrinhos podem auxiliar na construção de conhecimento e na elaboração de uma atividade investigativa. Houve vários momentos nos quais a situação retratada nos quadros ativava a memória do participante, e isso servia como argumento inicial, dinamizando, assim, o discurso (CAGNIN, 2014; EISNER, 2001; McCLOUD, 2005; 2008). Os resgates da memória e da experiência do leitor bem determinante para levantamento e teste de hipótese, justificativa, explicação e previsão. Paralelamente, encontramos os elementos da linguagem dos quadrinhos no desenvolvimento dos questionamentos.
Determinados participantes tiveram dificuldade de entender a proposta de trabalho nas oficinas. Nesse momento, a interação entre os participantes foi relevante, pois permitiu um processo de construção de argumento para convencer o colega. O que nos mostra os benefícios de trabalhar com pequenos grupos, dando a eles a oportunidade de conhecer diferentes interpretações de uma mesma situação. Esta é mais uma evidência de que as histórias em quadrinhos têm um potencial relevante para as abordagens críticas e conscientizadoras de ensino.
Ainda considerando as análises, pudemos identificar os possíveis obstáculos e dificuldades encontradas pelos professores ao planejarem uma atividade crítica e conscientizadoras, a partir dos quadrinhos. Estas dificuldades estão centradas no entendimento do problema e no conhecimento de propostas críticas de ensino, pois, em muitos casos, a discussão dos participantes girou em torno da resolução do problema. Algumas vezes porque eles não tinham domínio do conhecimento retratado nos quadros (o caso de alguns licenciandos de Ciências Biológicos) ou porque a tira foi de difícil compreensão para eles. Eles não “fogem” do que é proposto porque querem, mas porque têm consciência de que precisa entender primeiro para fazer a pergunta depois. Os elementos dos quadrinhos não foram fonte aparente de nenhum obstáculo ou dificuldade, muito pelo contrário, eles foram bastante considerados no momento de elaboração das perguntas. O fato de que eles foram usados nas perguntas não é uma garantia de que os elementos não atrapalharam em algum momento. Para isso, devemos ter um olhar particular no futuro.
As tiras de Souza (2012a) foram usadas sem as perguntas, e no processo de elaboração houve evidências da construção de conhecimento de ensino e físico através da interação entre os participantes. Sanmartí e Bargalló (2012) referem que o processo de construção da ciência está associado à proposição de perguntas e à tentativa de criar soluções ou respostas a elas. Sousanis (2017) afirma que, com diversos pontos de vista, visual e verbal, olharemos as situações e os problemas de maneira diversificada. Com isso, preparamos bons professores e pensadores cultivando bons observadores do mundo.
Análogo a esse fato, as perguntas elaboradas pelos participantes das intervenções precisaram ser aplicadas e avaliadas para comprovarmos se são atividades investigativas mesmo dando continuidade a esse tipo de pesquisa. Podemos avaliá-las usando os mesmos indicadores de Alfabetização Científica, e, também, inferindo que as combinações pergunta-tirinha elaboradas pelos participantes poderão gerar discussões, porque durante o processo de elaboração das perguntas abertas houve debate e construção de conhecimento.
Como consequência das discussões e análises, e considerando as sugestões apresentadas no capítulo 6, desejamos continuar esse debate sobre o uso dos quadrinhos, e aprofundar cada uma das sugestões apresentadas. Essas sugestões aumentam mais as ideias e as propostas de utilização crítica dos quadrinhos no Ensino de Física. Na verdade, algumas delas já foram trabalhadas, mas com outras abordagens críticas como, por exemplo, a de Nascimento Junior e Piassi (2011; 2013); Testoni et al. (2017). 
Doravante, continuaremos a divulgar as tirinhas e, as combinações pergunta-tirinha nos eventos científicos. Porém, pretendemos também participar dos eventos de quadrinhos que são oferecidos no país, pois durante a pesquisa acabamos optando pela participação dos eventos científicos das áreas de Física e não frequentamos os eventos científicos de quadrinhos. Outra expectativa é estabelecer um diálogo entre esses resultados com outras áreas de conhecimento – Comunicação Visual e Ciência e Artes, a fim de explorarmos os referenciais e aprimorarmos mais os estudos dos quadrinhos no Ensino.
Ambicionamos ainda oferecer as oficinas para os alunos de nível médio, a princípio, eles eram o alvo de nossa pesquisa, mas a demora no resultado da submissão ao Comité de Ética em Pesquisa acabou minando esse desejo. Entretanto, não esquecemos dos alunos, e pretendemos elaborar uma oficina de produção de quadrinhos por intermédio da qual poderemos avaliar o conhecimento deles através do material que eles próprios produzirem.
Acreditamos no potencial deste estudo para ser usado como base a outras reflexões relacionadas aos quadrinhos, quando estes estiverem inseridos no Ensino de Física, de Ciências, e até em demais disciplinas. Além disso, que este possa ser explorado em outros contextos e ambientes de Ensino. A comunicação na sala de aula é muito pesquisada nas diversas abordagens didáticas. Por isso, tivemos a intenção de proporcionar mais uma perspectiva para o uso dos quadrinhos, como um novo recurso para o Ensino por Investigação. Julgamos que este estudo contribuiu nesse aspecto, pois apostamos nas ideias das artes sequenciais, sendo uma ferramenta crítica para outras abordagens. O Ensino por Investigação é um tendência importante de ensino, além de ser uma escolha pessoal, já que havíamos trabalhado com essa abordagem didática em Souza (2014). Em breve, outros caminhos e perspectivas ainda serão discutidos."
Texto extraído de arca 2 fiocruz

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